Emílio
Abdala
A história do evangelismo começou com o nascimento de Jesus, como está descrito nos evangelhos. A encarnação demonstrou o coração evangelístico de Deus. Ele veio à terra para ser tanto a mensagem como o mensageiro. O anjo que apareceu a Maria ordenou-lhe que desse ao recém nascido o nome de Jesus, “porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1:21). Este artigo descreve como Deus preparou o mundo para receber Cristo, quando Ele nasceu em Belém, cerca do ano 4 A.C.; bem como algumas metodologias de evangelismo usadas por Jesus e uma sugestão de como implementar a comissão de Jesus.
Jesus e o Preparo para
o Evangelismo
Gálatas
4:4 diz que “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido
de mulher, nascido sob a lei.” Três diferentes nacionalidades desempenharam um
papel importante na preparação do mundo para o nascimento de Jesus: os gregos,
os romanos e os judeus:
1.
Os gregos prepararam o mundo mediterrâneo através da difusão de sua língua e
cultura. Quando os exércitos de Alexandre o Grande invadiram o Oriente Médio,
nos anos 334-323 a.C, Alexandre não apenas cumpriu seus sonhos de conquista,
mas seu desejo de ensinar a cultura e língua grega aos povos daquela região. Os
gregos também transmitiram ao mundo mediterrâneo o interesse pela sabedoria e o
aprendizado. Filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles exemplificaram o
amor pela verdade e a importância de buscá-la. Essa abertura a novas ideias foi
útil aos evangelistas da Igreja Primitiva.[1]
2.
Os romanos prepararam o mundo para o nascimento de Jesus através do
estabelecimento da paz em toda região do mediterrâneo. A pax romana (“paz
de Roma”) não apenas providenciou uma atmosfera de segurança e ordem para que a
Igreja Cristã pudesse se desenvolver, mas tornou as viagens mais seguras para
os missionários e evangelistas.[2]
3.
Os judeus prepararam o mundo de várias maneiras. Primeiro, eles estabeleceram
sinagogas em quase todas as grandes cidades do Mediterrâneo. Essas sinagogas se
tornaram centros de ensino que beneficiavam não apenas os judeus da comunidade,
mas também atraíam a atenção dos gentios. Segundo, os judeus prepararam o mundo
pela disseminação do Velho Testamento na região. Quando o V.T. foi traduzido
para o grego, os judeus proclamaram sua crença em um único Deus (monoteísmo) e
na vinda do Salvador (o Messias) que estabeleceria o reino de Deus na terra.[3]
Jesus e os Métodos de
Evangelismo
Jesus
praticou o evangelismo em massa ou a pregação pública. A pregação era uma
tarefa importante no evangelismo de Jesus. De fato, muitos do povo O chamavam
de profeta[4] (Mt
21:11; Lc 24:19). Ele era um pregador e não um escritor. Sua mensagem era
sucinta: “o tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos
e crede no evangelho” (Mc 1:14-15). Embora o Senhor demonstrasse um equilíbrio
no tríplice ministério de ensinar, curar e pregar (Mt 4:23), Ele mesmo afirmou
que veio primariamente para pregar (Mc 1:38). E como Jesus praticou o
evangelismo?
a)
Ele enfatizou a prioridade do evangelismo ao ensinar que a
salvação é a coisa mais importante do mundo. Suas parábolas da pérola de grande
preço e do tesouro escondido no campo ilustram esse princípio (Mt 13:44-46).
b)
Ele treinou seus discípulos para a evangelização. Antes de dar
a Grande Comissão, Jesus enviou os doze e os setenta para pregar (Mt 10 e Lc
10). Robert Coleman sugere sete etapas no método usado por Jesus: seleção,
associação, ensino, demonstração, delegação, supervisão e multiplicação.[5]
c)
Ele praticou um estilo de vida evangelístico. Há pelo menos
quarenta relatos nos evangelhos de pessoas evangelizadas por Jesus. O estudo
desses casos revela que Ele aproveitou todas as oportunidades e adaptou Sua
apresentação a diferentes audiências. Ainda assim, Ele não alcançou todos os
que desejava ganhar.
d)
Ele ordenou a Grande Comissão de fazer discípulos
através do evangelismo. Cada narrativa dos evangelhos e no livro de Atos tem
como base a Grande Comissão (Mt 28:19-20; Mc 16:15; Lc 24:47-48; Jo 20:21; At
1:8).
Cumprindo a Comissão de
Jesus
Uma
maneira de cumprir a comissão de Jesus é organizar eventos evangelísticos de
colheita (igreja local) ou séries mais extensas para plantar uma nova igreja.
Uma campanha evangelística não começa nem termina quando o evangelista prega a
primeira e a última mensagem. Um programa bem sucedido é planejado meses antes
do primeiro sermão e se prolonga por meses depois que o evangelista deixou de
apresentar-se em público. A seguir apresentaremos uma sequência de importantes
passos a serem considerados para o bom êxito de um esforço evangelístico:
1. Escolha
do lugar: pode ser que um campo local deseje fortificar a obra em certo lugar,
ou que se queira abrir obra nova.
2. Consenso
favorável: deve-se desejar que haja um consenso favorável com respeito à
escolha do lugar por parte do campo local, do evangelista, do pastor e das
igrejas.
3. Planejamento:
uma vez escolhido o lugar e conhecido pelo evangelista, este traça os planos
provisórios da campanha. Tais planos incluem a estratégia da campanha, a
duração, o lugar sugerido para as conferências, o temário, a equipe, o plano de
preparação do terreno, os materiais necessários, o programa de treinamento e o
calendário de eventos da campanha (batismos, datas, e programas).
4.
Discussão e aprovação dos planos: o evangelista submete os planos ao campo
local. Discute-se o mesmo e são feitas sugestões para melhorá-lo. Os planos são
apresentados aos pastores envolvidos e são ouvidas suas sugestões. O mesmo se
faz com os líderes da igreja.
5.
Grande convocação missionária: os planos aprovados são comunicados
detalhadamente aos membros do distrito ou campo local a fim de que haja a
participação de todos.
6.
Preparação espiritual da igreja: deve-se criar um ambiente de comprometimento
da igreja. Se na campanha participam pregadores leigos, é necessário
capacitá-los com antecedência. Também se faz necessário capacitar os que
preparam o terreno e os que formam as equipes.
7.
Nomeação e treinamento das equipes: pelo menos dois meses antes, nomeiam-se as
equipes que atuarão como suporte da campanha (recepcionistas, música,
equipamentos, preparo do terreno, dentre outras). Também se faz necessário
capacitar essas equipes de serviço, explicando-lhes detalhadamente suas
responsabilidades.
8.
Preparação do terreno: a maioria das campanhas é de colheita, mas uma colheita
bem sucedida deve ser precedida por um esforço de semeadura, e esta se faz com
meses de antecedência pela equipe ou pela igreja local. O ideal é que, no
início das conferências, haja centenas de pessoas quase totalmente instruídas
na verdade e praticando a maior parte das doutrinas. Então as conferências
recapitulam a verdade e conduzem as pessoas à decisão
9.
Propaganda: interna (Operação André) e externa (convites, rádio e tv, outdoors,
etc).
10.
A série de conferências: deve ter duração apropriada e ser acompanhada por uma
classe bíblica.
11.
Continuidade do processo de discipulado por meio de um programa de conservação
enquanto se decide o local da nova igreja.
12.
Avaliação: devem-se avaliar os pontos altos da campanha, os métodos e as ideias
que deram bons e maus resultados, o desempenho da equipe, a adequação dos temas
e devem-se fazer recomendações para o futuro.
Concluindo, Jesus
iniciou Seu ministério desafiando os discípulos a se tornarem “pescadores de
homens” (Mc 1:17). E Ele concluiu o ministério terrestre relembrando-lhes sua
responsabilidade (At 1:8). E o que Ele espera de nós hoje? Grandes projetos de construções,
grandes serviços de louvor ou bem elaborados cursos de discipulado? Tudo isto é
nobre e vital. Mas Seu desejo é que nos tornemos testemunhas: algo que todos
podem fazer.
[1] Henri Daniel-Rops, Daily Life in the
Time of Jesus (Ann Arbor, MI: Servant Books, 1980), p.51-79.
[2] Ibid.
[3] Arthur G. Plaza. The Emergence of the
Church: Context, Growth, Leadership & Worship(Downers Grove, IL:
InterVarsity Press, 2001), p. 27-54.
[4] O
dom de profecia consiste em falar com autoridade para Deus, tanto na predicão
de eventos futuros quanto de fatos do presente. Ver Seventh day Adventist Bible Commentary,
Vol. 6, p. 771.
[5] Robert E. Coleman. The Master Plan of
Evangelism (Old Tappan , NJ : Fleming H. Revell, 1972).
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