quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Fidelidade ao Extremo


Diariamente os cristãos enfrentam provações que testam a sua fidelidade a Deus. Na escola um jovem cristão é convidado por uma linda menina para irem juntos a nova boate que abriu na cidade, se ele aceitar o convite começa a namorar a menina mais desejada do colégio, mas se recusar sua vida estudantil será marcado pelas constantes malhações dos colegas. Na faculdade um aluno cristão é convidado pelo reitor a dirigir uma importantíssima pesquisa científica cujos pressupostos estão baseados nos princípios evolucionistas, se ele aceitar estará construindo uma sólida base para sua carreira profissional, mas se recusar nunca mais terá outra oportunidade como essa em sua vida. No trabalho um cristão comparece a sala de seu chefe porque seus colegas estão reclamando o fato de que ele é o único funcionário que dispensado de seus afazeres aos sábados e por isso ele deveria começar a trabalhar nesse dia, se ele aceitasse permaneceria em seu emprego, mas se recusasse seria demitido.
Dilemas como esses ocorrem diariamente na vida dos cristãos, pois este mundo está corrompido com o pecado de tal maneira que os próprios padrões sociais de convivência estão baseados na transgressão da lei de Deus. As bebidas alcoólicas se tornaram em um elemento fundamental para a interação entre as pessoas, o sábado é um dia essencial para a produção da indústria e do comércio, a fornicação é vital para a duração de um namoro. Cada aspecto necessário para a convivência social tem de maneira direta ou indireta recebido influência de costumes pecaminosos, o que torna a vida daqueles que desejam viver segundo os princípios bíblicos mais difícil a cada dia.
Diante dessas questões, surge a seguinte dúvida: pode o cristão na sociedade moderna ser fiel a Deus? Essa pergunta incomoda muitas pessoas que diariamente tem que decidir entre transgredir para se firmar na sociedade ou manter-se fiel seguindo seus princípios mesmo correndo o risco assim sofrer algumas consequências em virtude disso.
A Bíblia no capítulo 3 de Daniel elucida bem como deve ser o procedimento dos cristãos diante de tais provações ao contar a história dos três hebreus que enfrentaram o rei e toda a nação para se manter fiel a Deus.
Este relato conta a impressionante história que aconteceu no campo de Dura. Depois de conhecer a interpretação seu sonho (Dn 2), o rei Nabucodonosor ficou por um período de tempo impressionado pelo Temor a Deus, mas a prosperidade de seu governo trouxe-lhe a altivez e a prepotência. Passando cerca de dez anos, ele mandou fazer uma estátua diferente daquela que havia sonhado, pois esta era toda de ouro. Chamou então todos os oficiais de seu império para a sagração da mesma e exigiu que todos a adorassem. Com isso Nabucodonosor queria um reconhecimento público de que Babilônia jamais seria sucedido por outro reino e que o mundo devia total obediência ao rei. E para completar a sua arbitrariedade, ele decretou que qualquer contestação seria punida com morte.
Aquela estátua de ouro representava a supremacia do poder político e militar babilônico na qualidade de eterno, os deuses da Babilônia estavam incorporados naquela estátua, de modo que ela representava a superioridade dos deuses e religião babilônica. E todos que se curvassem perante ela estariam reconhecendo que os deuses babilônicos eram superiores a qualquer outro deus.
Aquele seria um momento grandioso para Nabucodonosor e seu império, tudo estava pronto, todos os oficiais do império estavam em pé diante da estátua, o arauto se levanta e apregoa em alta voz que todos que estavam ali se prostrassem diante da estátua no momento em que a música tocasse. Que momento magnífico para Nabucodonosor, ele e seu império seriam reconhecidos por oficiais de todo o mundo, ali estavam representantes de todos os países subjugados por Babilônia, aquele momento deveria ficar marcado na história como o dia em que o mundo se curvou diante de Babilônia e seus deuses.  O que Nabucodonosor não contava, era com a firmeza de Sadraque, Mesaque e Abdenego.
No momento em que todos se curvaram perante a estátua esses três jovens permaneceram firmes diante dos princípios aprendidos em sua terra natal. Aqueles jovens sabiam que se curvassem perante a estátua estariam quebrando ao primeiro e segundo mandamento que proibia qualquer tipo de adoração aos outros deuses e suas imagens (Ex 20:3-4). Desde crianças eles aprenderam que Deus deveria ser honrado acima de qualquer pessoa e situação, não importavam qual seriam as consequências dessa decisão, mas onde eles estivessem à obediência aos mandamentos de Deus era a prioridade de suas ações.
Muitas vezes pagamos um alto preço por sermos obedientes a Deus, em muitas ocasiões somos praticamente coagidos pela pressão social a deixarmos de lado nossos princípios para agir de maneira conveniente com o erro, assim evitamos maiores problemas com as pessoas, porque quando decidimos agir contrário as equivocadas ideologias do mundo, despertamos em algumas pessoas um sentimento de inimizade, e foi isso que aconteceu com aqueles jovens, pois alguns homens caldeus os denunciaram para Nabucodonosor.
O termo caldeu em Daniel não é usado para identificar uma classe étnica, mas a classe dos sábios de Babilônia, portanto podemos inferir que os homens que denunciaram aqueles jovens, foram os mesmos homens que não conseguiram desvendar o sonho de Nabucodonosor (Dn 2), mesmo que naquele episódio o favor de Daniel impediu que eles fossem mortos pelo rei. Agora eles cobram do rei a execução dos servos de Deus, provavelmente tomados pela inveja. Essa atitude não surpreende, pois os ímpios estão sempre prontos a perseguir e destruir os justos, pessoas que muitas vezes devem a própria vida.
Furioso Nabucodonosor manda chamar a Sadraque, Mesaque e Abdenego, para serem interrogados. Neste momento a provação para aqueles jovens começa a ficar mais difícil, visto que eles têm que responder ao próprio rei a razão da desrespeitosa atitude. A pressão aumenta de intensidade, pois diante deles está o grande rei Nabucodonosor. O rei que subjugou os países mais poderosos do mundo estava diante deles para puni-los caso permanecessem firmes aos seus princípios. Nabucodonosor gostava deles, tanto que os nomeou para ocuparem cargos da mais alta patente no reino, ele só queria que se retratassem para poder absolvê-los da pena de morte, porém esses jovens eram firmes, estavam dispostos a ir até as últimas consequências para honrar a Deus. Para eles o assunto que envolve a Deus, Sua lei e Sua adoração não havia o que negociar, não importava a força do rei e do império, Deus era muito maior. Para aqueles hebreus a condição de ser servos de Deus era mais honrada do que qualquer posição da alta patente real, portanto ou Nabucodonosor aceitasse a suas ações, ou eles morreriam. A fé genuína não está primeiramente interessada tanto na libertação e sim na honra a Deus, o verdadeiro crente cumpre o dever deixando as consequências inteiramente sob os cuidados da soberania Divina.
Desvairado ante a firmeza daqueles jovens, Nabucodonosor manda aquecer a fornalha sete vezes mais, e ordena a seus homens mais poderosos os lançarem na fornalha ardente. A fornalha estava tão quente que os soldados que os lançaram caíram subitamente mortos por causa do calor. Aquela punição deveria servir de lição para todo o império que assistia aquela execução, pois todo aquele que se rebelar-se contra Nabucodonosor ou Babilônia não teria outra sorte senão a morte.
Esperando que aqueles jovens fossem rapidamente consumidos pelas chamas, Nabucodonosor se surpreende ao ver que além das chamas serem inofensivas a eles, havia na fornalha um quarto elemento. Embora o texto não deixe claro o conhecimento de Nabucodonosor sobre a identidade do quarto homem, Ellen White (Profetas e Reis, pág. 509) afirma que pela forma que Jesus foi apresentado ao rei por Daniel e seus amigos, o rei não tinha dúvidas sobre a identidade daquele Ser. Ao perceber que as chamas nada faziam com aqueles homens, Nabucodonosor chama-os para fora na presença de todos os seus oficiais, e publicamente exalta o Deus de Sadraque, Mesaque e Abdenego. Naquela ocasião onde tudo estava preparado para que o mundo adorasse uma mísera estátua de ouro, a fidelidade de três jovens fez com que o nome de Deus fosse exaltado perante os mais importantes oficiais do maior império mundial da época.
Essa história nos ensina uma importante lição, porque não importa as circunstancias vivida, a nossa fidelidade a Deus deve ser inegociável. Muitas vezes Deus permite que passemos por situações extremas, onde somos pressionados a desobedecer, para que a nossa fiel obediência seja um poderoso instrumento para salvar as pessoas que nos observam. No campo de Dura, a fidelidade dos três jovens diante a mais dura prova foi o instrumento de Deus para levar o evangelho aqueles importantes oficiais do império babilônico.
Vivemos em mundo onde a moralidade está cada vez mais decadente, está cada vez mais raro encontrar bons exemplos de moralidade. Nessa sociedade onde o valor das pessoas é medida por suas posses e admirada pela forma que se enquadram nos padrões de beleza, é evidenciada que grande necessidade da sociedade é aprender que a verdadeira grandeza está em servir a Deus. As pessoas aprenderam isso somente através do nosso exemplo. O nosso testemunho falará mais alto do que nossas palavras, por meio do nosso exemplo podemos impactar mais uma sociedade do que mil ações bem planejadas. Muitas pessoas só poderão ser tocadas pelo Espírito Santo se virem em nós a exemplificação do próprio Jesus.
Não importa quão dura é a provação, toda circunstancia difícil é uma oportunidade de exaltarmos a Deus com nosso exemplo. Apesar de muitas situações serem complicadas, Deus promete vir ao socorro daqueles que permanecem fiéis a Ele O relato bíblico revela que o próprio Jesus desceu em socorro de Seus servos fiéis, esse mesmo auxílio é garantido para todos aqueles que permanecem fiéis independentemente das circunstancias que se encontram.
A maior necessidade de Babilônia não era o temor de seus vassalos, nem a proteção de uma estátua de ouro, mas de homens como Daniel, Sadraque, Mesaque e Abdenego que mostraram ao mundo que somente Deus tem poder sobre todos os impérios. Hoje a história não é diferente, a maior necessidade do mundo, não é uma economia estável, descobertas científicas ou tecnologia avançada, com diz Ellen White (Educação, pág. 57) “A maior necessidade do mundo é a de homens - homens que se não comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homem, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Por isso devemos pedir a Deus que pelo poder do Espírito Santo torne a nossa fidelidade semelhante à de Sadraque, Mesaque e Abdenego.     

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