Diariamente
os cristãos enfrentam provações que testam a sua fidelidade a Deus. Na escola
um jovem cristão é convidado por uma linda menina para irem juntos a nova boate
que abriu na cidade, se ele aceitar o convite começa a namorar a menina mais
desejada do colégio, mas se recusar sua vida estudantil será marcado pelas
constantes malhações dos colegas. Na faculdade um aluno cristão é convidado
pelo reitor a dirigir uma importantíssima pesquisa científica cujos
pressupostos estão baseados nos princípios evolucionistas, se ele aceitar
estará construindo uma sólida base para sua carreira profissional, mas se
recusar nunca mais terá outra oportunidade como essa em sua vida. No trabalho
um cristão comparece a sala de seu chefe porque seus colegas estão reclamando o
fato de que ele é o único funcionário que dispensado de seus afazeres aos
sábados e por isso ele deveria começar a trabalhar nesse dia, se ele aceitasse
permaneceria em seu emprego, mas se recusasse seria demitido.
Dilemas
como esses ocorrem diariamente na vida dos cristãos, pois este mundo está
corrompido com o pecado de tal maneira que os próprios padrões sociais de
convivência estão baseados na transgressão da lei de Deus. As bebidas
alcoólicas se tornaram em um elemento fundamental para a interação entre as
pessoas, o sábado é um dia essencial para a produção da indústria e do
comércio, a fornicação é vital para a duração de um namoro. Cada aspecto necessário
para a convivência social tem de maneira direta ou indireta recebido influência
de costumes pecaminosos, o que torna a vida daqueles que desejam viver segundo
os princípios bíblicos mais difícil a cada dia.
Diante
dessas questões, surge a seguinte dúvida: pode o cristão na sociedade moderna
ser fiel a Deus? Essa pergunta incomoda muitas pessoas que diariamente tem que
decidir entre transgredir para se firmar na sociedade ou manter-se fiel
seguindo seus princípios mesmo correndo o risco assim sofrer algumas consequências
em virtude disso.
A
Bíblia no capítulo 3 de Daniel elucida bem como deve ser o procedimento dos
cristãos diante de tais provações ao contar a história dos três hebreus que
enfrentaram o rei e toda a nação para se manter fiel a Deus.
Este
relato conta a impressionante história que aconteceu no campo de Dura. Depois
de conhecer a interpretação seu sonho (Dn 2), o rei Nabucodonosor ficou por um
período de tempo impressionado pelo Temor a Deus, mas a prosperidade de seu
governo trouxe-lhe a altivez e a prepotência. Passando cerca de dez anos, ele
mandou fazer uma estátua diferente daquela que havia sonhado, pois esta era
toda de ouro. Chamou então todos os oficiais de seu império para a sagração da
mesma e exigiu que todos a adorassem. Com isso Nabucodonosor queria um
reconhecimento público de que Babilônia jamais seria sucedido por outro reino e
que o mundo devia total obediência ao rei. E para completar a sua
arbitrariedade, ele decretou que qualquer contestação seria punida com morte.
Aquela
estátua de ouro representava a supremacia do poder político e militar
babilônico na qualidade de eterno, os deuses da Babilônia estavam incorporados
naquela estátua, de modo que ela representava a superioridade dos deuses e
religião babilônica. E todos que se curvassem perante ela estariam reconhecendo
que os deuses babilônicos eram superiores a qualquer outro deus.
Aquele
seria um momento grandioso para Nabucodonosor e seu império, tudo estava pronto,
todos os oficiais do império estavam em pé diante da estátua, o arauto se
levanta e apregoa em alta voz que todos que estavam ali se prostrassem diante
da estátua no momento em que a música tocasse. Que momento magnífico para
Nabucodonosor, ele e seu império seriam reconhecidos por oficiais de todo o
mundo, ali estavam representantes de todos os países subjugados por Babilônia,
aquele momento deveria ficar marcado na história como o dia em que o mundo se
curvou diante de Babilônia e seus deuses. O que Nabucodonosor não contava, era com a
firmeza de Sadraque, Mesaque e Abdenego.
No
momento em que todos se curvaram perante a estátua esses três jovens
permaneceram firmes diante dos princípios aprendidos em sua terra natal. Aqueles
jovens sabiam que se curvassem perante a estátua estariam quebrando ao primeiro
e segundo mandamento que proibia qualquer tipo de adoração aos outros deuses e
suas imagens (Ex 20:3-4). Desde crianças eles aprenderam que Deus deveria ser
honrado acima de qualquer pessoa e situação, não importavam qual seriam as consequências
dessa decisão, mas onde eles estivessem à obediência aos mandamentos de Deus
era a prioridade de suas ações.
Muitas
vezes pagamos um alto preço por sermos obedientes a Deus, em muitas ocasiões
somos praticamente coagidos pela pressão social a deixarmos de lado nossos
princípios para agir de maneira conveniente com o erro, assim evitamos maiores
problemas com as pessoas, porque quando decidimos agir contrário as equivocadas
ideologias do mundo, despertamos em algumas pessoas um sentimento de inimizade,
e foi isso que aconteceu com aqueles jovens, pois alguns homens caldeus os
denunciaram para Nabucodonosor.
O
termo caldeu em Daniel não é usado para identificar uma classe étnica, mas a
classe dos sábios de Babilônia, portanto podemos inferir que os homens que
denunciaram aqueles jovens, foram os mesmos homens que não conseguiram desvendar
o sonho de Nabucodonosor (Dn 2), mesmo que naquele episódio o favor de Daniel
impediu que eles fossem mortos pelo rei. Agora eles cobram do rei a execução
dos servos de Deus, provavelmente tomados pela inveja. Essa atitude não
surpreende, pois os ímpios estão sempre prontos a perseguir e destruir os
justos, pessoas que muitas vezes devem a própria vida.
Furioso
Nabucodonosor manda chamar a Sadraque, Mesaque e Abdenego, para serem
interrogados. Neste momento a provação para aqueles jovens começa a ficar mais
difícil, visto que eles têm que responder ao próprio rei a razão da
desrespeitosa atitude. A pressão aumenta de intensidade, pois diante deles está
o grande rei Nabucodonosor. O rei que subjugou os países mais poderosos do
mundo estava diante deles para puni-los caso permanecessem firmes aos seus
princípios. Nabucodonosor gostava deles, tanto que os nomeou para ocuparem
cargos da mais alta patente no reino, ele só queria que se retratassem para
poder absolvê-los da pena de morte, porém esses jovens eram firmes, estavam
dispostos a ir até as últimas consequências para honrar a Deus. Para eles o
assunto que envolve a Deus, Sua lei e Sua adoração não havia o que negociar, não
importava a força do rei e do império, Deus era muito maior. Para aqueles
hebreus a condição de ser servos de Deus era mais honrada do que qualquer
posição da alta patente real, portanto ou Nabucodonosor aceitasse a suas ações,
ou eles morreriam. A fé genuína não está primeiramente interessada tanto na
libertação e sim na honra a Deus, o verdadeiro crente cumpre o dever deixando
as consequências inteiramente sob os cuidados da soberania Divina.
Desvairado
ante a firmeza daqueles jovens, Nabucodonosor manda aquecer a fornalha sete
vezes mais, e ordena a seus homens mais poderosos os lançarem na fornalha
ardente. A fornalha estava tão quente que os soldados que os lançaram caíram
subitamente mortos por causa do calor. Aquela punição deveria servir de lição
para todo o império que assistia aquela execução, pois todo aquele que se
rebelar-se contra Nabucodonosor ou Babilônia não teria outra sorte senão a
morte.
Esperando
que aqueles jovens fossem rapidamente consumidos pelas chamas, Nabucodonosor se
surpreende ao ver que além das chamas serem inofensivas a eles, havia na
fornalha um quarto elemento. Embora o texto não deixe claro o conhecimento de Nabucodonosor
sobre a identidade do quarto homem, Ellen White (Profetas e Reis, pág. 509)
afirma que pela forma que Jesus foi apresentado ao rei por Daniel e seus
amigos, o rei não tinha dúvidas sobre a identidade daquele Ser. Ao perceber que
as chamas nada faziam com aqueles homens, Nabucodonosor chama-os para fora na
presença de todos os seus oficiais, e publicamente exalta o Deus de Sadraque,
Mesaque e Abdenego. Naquela ocasião onde tudo estava preparado para que o mundo
adorasse uma mísera estátua de ouro, a fidelidade de três jovens fez com que o
nome de Deus fosse exaltado perante os mais importantes oficiais do maior
império mundial da época.
Essa
história nos ensina uma importante lição, porque não importa as circunstancias
vivida, a nossa fidelidade a Deus deve ser inegociável. Muitas vezes Deus
permite que passemos por situações extremas, onde somos pressionados a
desobedecer, para que a nossa fiel obediência seja um poderoso instrumento para
salvar as pessoas que nos observam. No campo de Dura, a fidelidade dos três
jovens diante a mais dura prova foi o instrumento de Deus para levar o
evangelho aqueles importantes oficiais do império babilônico.
Vivemos
em mundo onde a moralidade está cada vez mais decadente, está cada vez mais
raro encontrar bons exemplos de moralidade. Nessa sociedade onde o valor das
pessoas é medida por suas posses e admirada pela forma que se enquadram nos
padrões de beleza, é evidenciada que grande necessidade da sociedade é aprender
que a verdadeira grandeza está em servir a Deus. As pessoas aprenderam isso
somente através do nosso exemplo. O nosso testemunho falará mais alto do que
nossas palavras, por meio do nosso exemplo podemos impactar mais uma sociedade
do que mil ações bem planejadas. Muitas pessoas só poderão ser tocadas pelo
Espírito Santo se virem em nós a exemplificação do próprio Jesus.
Não
importa quão dura é a provação, toda circunstancia difícil é uma oportunidade
de exaltarmos a Deus com nosso exemplo. Apesar de muitas situações serem complicadas,
Deus promete vir ao socorro daqueles que permanecem fiéis a Ele O relato
bíblico revela que o próprio Jesus desceu em socorro de Seus servos fiéis, esse
mesmo auxílio é garantido para todos aqueles que permanecem fiéis
independentemente das circunstancias que se encontram.
A
maior necessidade de Babilônia não era o temor de seus vassalos, nem a proteção
de uma estátua de ouro, mas de homens como Daniel, Sadraque, Mesaque e Abdenego
que mostraram ao mundo que somente Deus tem poder sobre todos os impérios. Hoje
a história não é diferente, a maior necessidade do mundo, não é uma economia
estável, descobertas científicas ou tecnologia avançada, com diz Ellen White
(Educação, pág. 57) “A maior necessidade do mundo é a de homens - homens que se
não comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e
honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homem, cuja
consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que
permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Por isso devemos
pedir a Deus que pelo poder do Espírito Santo torne a nossa fidelidade
semelhante à de Sadraque, Mesaque e Abdenego.
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