A Igreja Adventista do Sétimo Dia surgiu em cumprimento à
profecia. Foi escolhida como um instrumento divino para proclamar, a todo o
mundo, as boas novas de salvação, pela fé no sacrifício de Cristo, e em
obediência aos Seus mandamentos, com o objetivo de preparar um povo para o
retorno de Jesus.
A vida daqueles que aceitam essa responsabilidade deve ser
tão consagrada como sua própria mensagem. Esse princípio se aplica, de maneira
especial, àqueles que, através da música, têm a missão de conduzir a igreja de
Deus na adoração, no louvor e na evangelização, uma vez que “a música só é
aceitável a Deus quando o coração é consagrado e enternecido e santificado”.
– Ellen White, Carta 198 – 1895.
É preciso primeiro receber para depois
oferecer. É preciso ter um compromisso pessoal com a mensagem, para depois
poder transmiti-la. É preciso ter um encontro pessoal com Deus, para então,
reconhecer Sua santidade, desenvolvendo assim uma adequada sensibilidade
musical.
Diante dessa realidade, aqueles que produzem, selecionam ou
executam a música usada na igreja, necessitam de muita comunhão, sabedoria,
orientação e apoio. Precisam ter a visão da grandeza do ministério que tem em
suas mãos, bem como o máximo cuidado ao fazerem suas escolhas. “Não é
suficiente conhecer os rudimentos do canto; porém, aliado ao conhecimento, deve
haver tal ligação com o Céu que os anjos possam cantar através de nós.” –
Ellen White, Manuscrito de maio de 1874.
A música é um dos maiores dons dados por Deus e, por isso
mesmo, ela se constitui em um elemento indispensável no processo de crescimento
cristão. “A música é um dos grandes dons que Deus concedeu ao homem, e um
dos elementos mais importantes num programa espiritual. É uma avenida de
comunicação com Deus, e é um dos meios mais eficazes para impressionar o
coração com as verdades espirituais.” – Educação, pág. 167.
Ela exerce influência sobre assuntos de conseqüências
eternas. Pode elevar ou degradar, e ser empregada tanto para o bem como para o
mal. "Tem poder para subjugar naturezas rudes e incultas, poder para
suscitar pensamentos e despertar simpatia; para promover a harmonia de ação e
banir a tristeza e os maus pressentimentos, os quais destroem o ânimo e
debilitam o esforço". Ibidem.
A música é um dos elementos mais importantes em cada
atividade da igreja, e por isso deve ser utilizada sempre de maneira
edificante. "O canto é um dos meios mais eficazes para gravar a verdade
espiritual no coração. Muitas vezes se têm descerrado pelas palavras do canto
sagrado, as fontes do arrependimento e da fé." – Evangelismo, pág.
500.
Buscando o crescimento da área de música, de cada músico
envolvido e da igreja como um todo, é que são apresentadas as orientações a
seguir. Desta maneira, tem-se um complemento aos princípios apresentados pela
Associação Geral, e devem direcionar a música dentro da Igreja Adventista na
América do Sul. Sua aceitação vai proporcionar sábias escolhas, o cumprimento
da missão e a conquista de melhores resultados.
Tendo em vista identificar corretamente o papel da música e
dos músicos adventistas, toda a atividade musical da igreja deverá ser chamada
de Ministério da Música. Assim, os músicos adventistas passarão a ter uma visão
clara de seu papel como ministros, e a igreja, uma visão distinta da música,
seu objetivo e sua mensagem, como um ministério.
1. Deve cultivar uma vida devocional à altura de um cristão
autêntico, baseada na prática regular da oração e da leitura da Bíblia.
2. Precisa, por meio de sua música, expressar seu
encontro pessoal com Cristo.
3. Trata a música, em conseqüência, como uma
oração ou um sermão, preparando-se espiritualmente para cada apresentação. (Ver
Evangelismo, pág. 508.)
4. Deve representar corretamente, em sua vida,
os princípios da igreja e refletir a mensagem das músicas que apresenta, edita
ou compõe.
5. Deve estar em harmonia com as normas da
igreja, vivendo os princípios de mordomia cristã e sendo membro ativo de uma
igreja local.
6. Precisa aplicar a arte, em todas as suas
atividades, como um ministério. Não destaca sua imagem pessoal, mas sim a
mensagem a ser transmitida.
7. Cuida de sua aparência pessoal, para que
reflita o padrão de modéstia e decência apresentado pela Bíblia.
8. Canta com entoação clara, pronúncia correta e perfeita
enunciação. (Ver Obreiros Evangélicos, pág. 357.)
9. Evita tudo o que possa tirar a atenção da
mensagem da música, como gesticulação excessiva e extravagante e orgulho na
apresentação. (Ver Evangelismo, pág. 501.
10. Evita, em suas apresentações, a amplificação
exagerada, tanto vocal como instrumental.
11. Evita o uso de tonalidades estridentes,
distorções vocais ou instrumentais, bem como o estilo dos cantores populares.
12. Respeita o ambiente da igreja e as horas do
sábado ao vender seus materiais.
13. Deve receber orientação e apoio espiritual
da liderança do Ministério da Música, líderes da igreja e do pastor local.
II. A MÚSICA
1. Glorifica a Deus e ajuda os ouvintes a adorá-Lo de maneira
aceitável.
2. Deve ser compatível com a mensagem, mantendo o equilíbrio entre
ritmo, melodia e harmonia (I Crô. 25:1, 6 e 7).
3. Deve harmonizar letra e melodia, sem combinar
o sagrado com o profano.
4. Não segue tendências que abram a mente para
pensamentos impuros, que levem a comportamentos pecaminosos ou que destruam a
apreciação pelo que é santo e puro. "A música profana ou a que seja de
natureza duvidosa ou questionável, nunca dever ser introduzida em nossos cultos".
– Manual da Igreja, pág. 72.
5. Não se deixa guiar apenas pelo gosto e experiência pessoal. Os
hábitos e a cultura não são guias suficientes na escolha da música. "Tenho
ouvido em algumas de nossas igrejas solos que eram de todo inadequados ao culto
da casa do Senhor. As notas longamente puxadas e os sons peculiares, comuns no
canto de óperas, não agradam aos anjos. Eles se deleitam em ouvir os simples
cantos de louvor entoados em tom natural". – Ellen White, Manuscrito
91.
6. Não deve ser rebaixada a fim de obter conversões,
mas deve elevar o pecador a Deus. (Ver Evangelismo, pág. 137.) Ellen White diz
que "haveriam de ter lugar imediatamente antes da terminação da graça
... gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais
ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas.
E isto será chamado operação do Espírito Santo. O Espírito Santo nunca Se
revela por tais métodos, em tal balbúrdia de ruído. Isto é uma invenção de
Satanás para encobrir seus engenhosos métodos para anular o efeito da pura,
sincera, elevadora, enobrecedora e santificante verdade para este tempo".
– Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 36.
7. Provoca uma reação positiva e saudável naqueles que a ouvem.
III. A LETRA
1. Deve ser de fácil compreensão e estar em
harmonia com os ensinamentos da Bíblia.
2. Deve ter valor literário e teológico
consistente. Não usa letras levianas, vagas e sentimentais, que apelem somente
às emoções.
3. Não é superada pelos arranjos ou instrumentos
de acompanhamento.
4. Mantém o equilíbrio entre hinos dirigidos a
Deus e cânticos que contêm petições, apelos, ensinos, testemunhos, admoestações
e encorajamento (Col. 3:16; Efés. 5:19).
5. Deve evitar ser apresentada em outra língua,
que não a nativa, para que possa ser compreendida e os ouvintes, edificados.
IV. O LOUVOR CONGREGACIONAL
1. Deve ser mais valorizado, pois através dele toda a igreja é
envolvida. “Nem sempre o canto deve ser feito por apenas alguns. Tanto
quanto possível, permita-se que toda a congregação participe.” –
Testimonies, vol. 9, pág. 144. Os momentos de louvor congregacional:
a. Envolvem a participação de todos no culto.
b. Harmonizam o coração do homem com Deus.
c. Exercem uma influência unificadora do povo de
Deus em um só pensamento.
d. Dão oportunidade para expressar as emoções e
sentimentos pessoais.
e. Fortalecem o caráter.
f. Tem grande valor educacional.
g. Destacam um bom princípio de mordomia,
desenvolvendo um talento dado por Deus.
h. Dirigem o ouvinte a Cristo.
2. Não deve ser utilizado para preencher espaços
vagos, ou imprevistos. Deve estar inserido dentro de qualquer culto ou
programa, em momento nobre, valorizando sua importância.
3. Não deve ser realizado de maneira fria,
automática ou despreparada. Os hinos a serem cantados e a mensagem a ser
exposta devem ter ligação entre si, fruto do planejamento e da cuidadosa
organização entre os líderes e o Ministério da Música. (Ver Testemunhos
Seletos, vol.1, pág. 457.
4. Sempre que possível, o ministro do louvor
deve ocupar um lugar à plataforma, como um dos participantes no culto de
adoração.
5. Devem ser estimulados grupos musicais que
envolvam uma boa quantidade de pessoas. “Raras vezes deve o cântico ser
entoado por uns poucos.” – Conselhos Sobre Saúde, pág. 481.
6. Deve haver um cuidado especial para não
utilizar músicas que apenas agradem os sentidos, tenham ligação com o
carismatismo, ou tenham predominância de ritmo.
V. OS INSTRUMENTOS
1. Os instrumentistas da igreja devem sempre ser estimulados a
participar dos cultos de adoração, com instrumental ao vivo. Ellen White
recomenda que o canto "
seja acompanhado por instrumentos de música
habilmente tocados. Não nos devemos opor ao uso de instrumentos musicais em
nossa obra”. – Testimonies, vol. 9, pág. 143.
2. Deve haver muito cuidado ao serem usados
instrumentos associados com a música popular e folclórica ou que necessitem de
exagerada amplificação. Quando mal utilizados, concorrem para o enfraquecimento
da mensagem da música.
3. O uso de play-backs deve ser
uma alternativa para momentos especiais. Devem ser utilizados de modo
equilibrado, sempre em apoio ao canto congregacional.
4. O instrumental deve ocupar seu papel de
acompanhamento, dando prioridade à mensagem. “A voz humana que entoa a
música de Deus vinda de um coração cheio de reconhecimento e ações de graças, é
incomparavelmente mais aprazível a Ele do que a melodia de todos os
instrumentos de música já inventados pelas mãos humanas.” – Evangelismo,
pág. 506.
5. Deve ser priorizada por orquestras, bandas e
outros grupos instrumentais a apresentação de músicas que estejam dentro das
recomendações da igreja e que edifiquem seus ouvintes.
VI. AS PRODUÇÕES MUSICAIS
1. As produções musicais adventistas devem se caracterizar pelo
destaque dado à nossa mensagem distintiva.
2. Compositores, arranjadores, produtores e
arregimentadores devem priorizar, valorizar e trabalhar com músicos que estejam
comprometidos com os princípios musicais da igreja.
3. As produções musicais das instituições
adventistas devem ser paradigmas dos valores musicais da igreja.
4. Atenção e cuidado especial devem ser dados às
produções vendidas nas lojas de propriedade da igreja, para que reflitam nossos
valores musicais.
5. As músicas apresentadas nas rádios e TVs de
propriedade da igreja devem refletir, também, nossos valores musicais. Elas
possuem influência destacada, formam a cultura musical da igreja e se tornam
uma referência musical da igreja para os ouvintes e telespectadores.
VII. A EDUCAÇÃO MUSICAL
1. Deve ser considerada a possibilidade de apoiar as crianças em
seu treinamento musical a fim de preparar futuros músicos que possam servir à
igreja. Este apoio poderá ser dado através de professores de música da
própria igreja ou patrocinar aulas de música para algum interessado.
2. A música deve ser valorizada e bem trabalhada
nos lares cristãos. A instrução e a formação de um saudável gosto musical devem
começar cedo na vida das crianças. Os pais precisam conversar com os filhos,
orientá-los e ser um modelo positivo para eles, escolhendo com sabedoria a música
que será utilizada em casa.
3. A Educação Adventista deve estimular os
alunos no aprendizado de instrumentos musicais, leitura de partituras e cântico
vocal em corais ou grupos.
4. As apresentações musicais em todas as
instituições educacionais adventistas do sétimo dia devem estar em harmonia com
as diretrizes da igreja. Isso se aplica aos talentos locais como também a
artistas e grupos visitantes. O mesmo se aplica para o uso da mídia de
entretenimento (filmes e outros) patrocinada oficialmente pela instituição.
VIII. A ADMINISTRAÇÃO DA MÚSICA NA
IGREJA
1. Cada igreja deve ter sua comissão de música devidamente
organizada e mantendo reuniões regulares. A administração do Ministério da
Música não deve estar nas mãos de apenas uma pessoa.
2. Devem ser realizadas palestras, sermões,
seminários ou festivais de louvor envolvendo cantores ou grupos e fortalecendo
o envolvimento com a igreja e seus princípios musicais.
3. A liderança da igreja deve encorajar os membros
a desenvolverem seus talentos musicais, estabelecendo um coral, quarteto, grupo
musical, orquestra ou fortalecendo um talento individual.
4. A igreja deve, dentro do possível, procurar
adquirir algum instrumento musical próprio para fortalecer o louvor e a
formação musical.
5. A direção do Ministério da Música deve
organizar e providenciar música especial e um responsável pelo louvor
congregacional para todos os cultos da igreja.
6. A saída ou recebimento de grupos musicais ou
cantores deve ser acompanhada de uma recomendação oficial da igreja da qual são
membros. Essa atitude valoriza os bons músicos e traz segurança à igreja.
7. A música não deve ser motivo de discussões ou atitudes radicais.
A busca pelo padrão divino deve ser guiada pelo amor e oração e não pela
imposição.
IX. A MÚSICA NO EVANGELISMO
1. Sempre que possível, uma apresentação musical
deve conter uma mensagem bíblica, um apelo ou o oferecimento de um curso
bíblico àqueles que ainda não sejam batizados, buscando levá-los a Jesus.
2. Grupos musicais e cantores devem buscar
maneiras de atuar diretamente, e de forma sistemática, nas campanhas
missionárias e evangelísticas da igreja, ou desenvolver seus próprios projetos
para cumprir a missão.
X. A MÚSICA NO CULTO
1. A música deve ocupar um lugar tão especial quanto a oração e a
mensagem da Bíblia, dentro do culto e da adoração a Deus. Ela é um sacrifício
de louvor, um meio de promover o crescimento espiritual, de glorificar a Deus e
dirigir o ouvinte a Ele.
2. A música especial ou o louvor congregacional
deve estar em harmonia com a mensagem bíblica que será apresentada. Isso
fortalece o seu impacto.
3. A música para o culto deve ter beleza, emoção
e poder. (Ver Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 457.)
4. A música deve ser escolhida de maneira
específica para cada ambiente, programa ou culto da igreja. "Os que
fazem do cântico uma parte do culto divino, devem escolher hinos com música
apropriada para a ocasião, não notas de funeral, porém melodias alegres e,
todavia, solenes." – Evangelismo, pág. 508.
XI. A EQUIPE DE ÁUDIO E VÍDEO
1. Deve trabalhar em parceria com o Ministério de Música no
planejamento e organização do programa musical da igreja.
2. Mantém os princípios apresentados neste
documento, especialmente no que diz respeito ao uso de materiais sonoros e
visuais na adoração, louvor e liturgia.
3. Oferece apoio técnico aos cantores, músicos,
grupos vocais e instrumentais, antes e durante as apresentações, visando à boa
qualidade na adoração e louvor.
XII. MÚSICAS SECULARES
1. Os princípios de escolha musical devem servir tanto para a
música “sacra” quanto para a “secular”. Em momento algum deixamos de ser filhos
e filhas de Deus que buscam glorificá-Lo em todas as coisas. Escolhemos sempre
e apenas o melhor.
2. A escolha da música “secular” deve ser
caracterizada por um equilíbrio saudável nos elementos do ritmo, melodia e
harmonia com uma letra que expresse ideais de alto valor.
3. Em programas especiais, dentro da igreja,
tais como: cerimônias de casamento, cultos de ação de graças, seminários e
outros, deve haver cuidado especial na escolha das músicas.
CONCLUSÕES
Vivemos um momento difícil em que cada vez mais as pessoas e
as sociedades expressam sentimentos religiosos sem uma clara orientação cristã
e bíblica. A música tornou-se uma questão fundamental que requer discernimento
e decisão espirituais. Consequentemente, devemos fazer estas importantes
perguntas enquanto buscamos fazer boas escolhas musicais:
1. A música que estamos ouvindo ou apresentando
tem consistência moral e teológica tanto na letra como na melodia?
2. Qual a intenção que está por trás da música?
Ela transmite uma mensagem positiva ou negativa? Glorifica a Deus (I Cor.10:31)
e oferece o que é mais nobre e melhor (Filip. 4:8)?
3. O propósito da música está sendo transmitido
com eficácia? O músico está promovendo uma atmosfera de reverência? A letra e a
música dizem a mesma coisa?
4. Estamos buscando a orientação do Espírito
Santo na escolha da música religiosa e secular?
O conselho de Paulo é claro: “Cantarei com o espírito, mas também cantarei
com o entendimento.” (I Cor.14:15). Não há dúvida de que a música é uma
expressão artística, que toca os sentimentos. Isto nos leva a avaliar, escolher
e produzir a música de maneira racional, tendo em vista o seu poder, e buscando
cumprir o propósito de Deus para a edificação da igreja e a salvação do mundo.
Não podemos esquecer que “A música é de origem celestial.
Há grande poder na música. Foi a música dos anjos que fez vibrar o coração dos
pastores nas planícies de Belém e envolveu o mundo todo. É através da música
que os nossos louvores se erguem Àquele que é a personificação da pureza e
harmonia. É com música e cânticos de vitória que os redimidos finalmente
tomarão posse da recompensa imortal.” – Mensagens Escolhidas, vol. 3,
pág. 335.