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Experiências
na Reunião de Estudos
Uma noite, meu irmão
Roberto e eu fomos à reunião de estudos. O pastor, que a devia presidir, estava
presente. Ao chegar a vez de meu irmão dar testemunho, ele falou com grande
humildade, se bem que com clareza, acerca da necessidade de um completo preparo
para encontrar o Salvador, quando vier nas nuvens do céu com poder e grande
glória. Enquanto meu irmão falava, uma luz celeste lhe abrasou o rosto,
usualmente pálido. Pareceu ser levado em espírito acima do ambiente em que se
achava, e falou como se estivesse na presença de Jesus.
Quando fui convidada
para falar, levantei-me, com o espírito livre, com o coração cheio de amor e
paz. Contei a história do meu grande sofrimento sob a convicção do pecado, e
como finalmente recebera a bênção que havia tanto procurava - completa
conformidade com a vontade de Deus - e exprimi minha alegria nas boas-novas da
próxima vinda de meu Redentor para levar Seus filhos consigo.
Quando acabei de falar,
o pastor dirigente perguntou-me se não seria mais agradável viver uma longa
vida de utilidade, fazendo bem aos outros, do que vir Jesus imediatamente e
destruir os pobres pecadores. Repliquei que anelava a vinda de Jesus. Então o
pecado teria fim e desfrutaríamos para sempre a santificação, sem que houvesse
o diabo para nos tentar e transviar.
Depois de encerrada a
reunião, percebi que era tratada com visível frieza por aqueles que
anteriormente tinham sido benévolos e amáveis comigo. Meu irmão e eu voltamos
para casa, sentindo-nos tristes por ser tão mal compreendidos
pelos crentes, e por o assunto da próxima volta de Jesus despertar-lhes tão
severa oposição.
A
Bem-Aventurada Esperança
Em caminho para casa,
conversamos seriamente a respeito das evidências de nossa nova fé e esperança.
"Ellen", disse Roberto, "estaremos enganados? É esta esperança
do próximo aparecimento de Cristo sobre a Terra uma heresia, para que pastores
e ensinadores religiosos a ela se oponham tão veementemente? Eles dizem que
Jesus não virá senão daqui a milhares e milhares de anos. Se tão-somente se aproximam
da verdade, então o mundo não poderá acabar em nosso tempo."
Eu não ousava favorecer
a incredulidade um momento que fosse, e repliquei prontamente: "Não tenho
dúvida de que a doutrina pregada pelo Sr. Miller é a verdade. Que poder lhe
acompanha as palavras! Que levam convicção ao coração do pecador!"
Conversamos sobre o
assunto com toda a lealdade enquanto caminhávamos, e concluímos ser nosso dever
e privilégio esperar a vinda de nosso Salvador, e que mais seguro seria
preparar-nos para o Seu aparecimento e estarmos prontos para encontrá-Lo com
alegria. Se Ele viesse, o que não seria daqueles que então diziam: "O meu
Senhor tarde virá", e que não tinham desejo de vê-Lo? Admirava-nos como
havia ministros que ousassem acalmar os temores de pecadores e crentes
relapsos, dizendo: "Paz, paz!" enquanto a mensagem do aviso estava
sendo proclamada em todo o país. A ocasião parecia-nos muito solene;
compreendíamos não ter tempo a perder.
"Cada árvore se
conhece pelo seu próprio fruto" - observou Roberto. "O que tem feito
por nós esta crença? Convenceu-nos de que não estávamos preparados para a vinda
do Senhor; de que devemos tornar-nos puros de coração, do contrário não
poderemos encontrar em paz o nosso Salvador. Despertou-nos para procurar nova
força e graça divinas.
"O que fez ela por
ti, Ellen? Serias o que agora és, se não tivesses ouvido a doutrina da próxima
vinda de Cristo? Que esperança te inspirou ao coração? Que paz, alegria e amor
te proporcionou? Para mim, fez tudo. Amo a Jesus e a todos os cristãos. Aprecio
a reunião de oração. Tenho grande alegria na leitura da Bíblia e na
oração."
Nós ambos nos sentimos
fortalecidos com essa conversa, e resolvemos não nos afastar de nossas honestas
convicções da verdade, e da bem-aventurada esperança da próxima vinda de Cristo
nas nuvens do céu. Sentíamo-nos gratos por poder discernir a preciosa luz e
alegrar-nos na expectativa da vinda do Senhor.
O
Último Testemunho na Reunião de Estudos
Não muito tempo depois
disso, de novo assistimos à reunião de estudos. Precisávamos de oportunidade
para falar do precioso amor de Deus que nos animava a alma. Eu, especialmente,
desejava falar da bondade e misericórdia do Senhor para comigo. Operava-se em
mim uma tão grande mudança que parecia ser meu dever aproveitar toda oportunidade
para testificar do amor de meu Salvador.
Ao chegar a minha vez
de falar, relatei as evidências que provavam que eu fruía o amor de Jesus e
olhava para a frente com alegre expectação de logo encontrar o meu Redentor. A
crença de que a vinda de Cristo estava próxima me havia estimulado a alma a
buscar mais fervorosamente a santificação do Espírito de Deus.
Neste ponto, o
dirigente da classe interrompeu-me, dizendo: "Recebeste a santificação
pelo Metodismo, pelo Metodismo, irmã, não por uma teoria errônea."
Fui compelida a
confessar a verdade de que não era pelo Metodismo que meu coração havia
recebido nova bênção, mas pelas verdades estimuladoras relativas ao
aparecimento pessoal de Jesus. Por meio delas eu encontrara paz, alegria e
perfeitoamor. Assim terminou o meu testemunho, o último que eu daria na reunião
de estudos com meus irmãos metodistas.
Roberto então falou com
mansidão, conforme era o seu modo, mas de maneira clara e tocante que alguns
choraram e ficaram muito comovidos; outros, porém, tossiam em sinal de
desagrado e pareciam muito a contragosto.
Depois de sairmos da
classe, falamos de novo sobre a nossa fé, e maravilhamo-nos de que nossos
irmãos e irmãs cristãs, de tal maneira não pudessem suportar que se lhes
falasse uma palavra referente à vinda do nosso Salvador. Convencemo-nos de que
não mais devíamos freqüentar a reunião da classe. A esperança do glorioso
aparecimento de Cristo nos enchia a alma, e disso falaríamos quando nos
levantássemos para dar testemunho. Era evidente que não poderíamos ter
liberdade na reunião de estudos, pois nosso testemunho provocava escárnio e
sarcasmo que ouvimos, finda a reunião, de irmãos e irmãs a quem tínhamos
respeitado e estimado.
Propagando
a Mensagem do Advento
Os adventistas
realizavam por esse tempo reuniões no Salão Beethoven. Meu pai, com sua
família, a elas assistiam com boa regularidade. Supunha-se que o segundo
advento deveria ocorrer no ano 1843. O tempo para que toda alma fosse salva
parecia tão breve que resolvi fazer tudo que estava ao meu alcance para
conduzir pecadores à luz da verdade.
Eu tinha duas irmãs em
casa: Sara, que era vários anos mais velha do que eu, e minha irmã gêmea
Elizabeth. Trocamos idéias e decidimos ganhar o dinheiro que pudéssemos para
empregar na compra de livros e folhetos para distribuição gratuita. Isso era o
melhor que poderíamos fazer, e alegremente fizemos esse pouco.
Nosso pai era
chapeleiro, e a tarefa que me tocava era fazer as copas dos chapéus, sendo essa
a parte mais fácil do trabalho. Também fazia meias a vinte e cinco centavos de
dólar o par. Meu coração estava tão enfraquecido que, para fazer esse trabalho,
eu era obrigada a recostar-me na cama; entretanto, dia após dia ali me
assentava, feliz por poderem meus dedos trêmulos fazer algo para trazer uma
pequenina contribuição à causa que eu amava tão encarecidamente. Vinte e cinco
centavos de dólar por dia era tudo que eu poderia ganhar. Quão cuidadosamente
punha de lado as preciosas moedinhas de prata que assim ganhava e deveriam ser
gastas em impressos destinados a esclarecer e despertar os que estavam em
trevas!
Não tinha tentação de
gastar meus lucros para minha própria satisfação. Meu vestuário era simples;
nada era gasto em ornamentos desnecessários, pois a ostentação vã me parecia
pecaminosa. Assim é que sempre tinha em depósito um pequeno fundo com que
comprar livros convenientes. Estes eram colocados nas mãos de pessoas
experientes a fim de os espalharem.
Cada folha destes
impressos parecia preciosa aos meus olhos; pois era um mensageiro de luz ao
mundo, ordenando às pessoas que se preparassem para o grande evento que estava
às portas. A salvação das almas era a minha preocupação de espírito, e
confrangia-se-me o coração por aqueles que se lisonjeavam de estarem vivendo em
segurança, enquanto a mensagem de advertência estava sendo proclamada ao mundo.
A
Questão da Imortalidade
Um dia ouvi uma
conversa entre minha mãe e minha irmã, com referência a um discurso que havia
pouco tinham ouvido, a propósito de que a alma não tem imortalidade inerente.
Alguns dos textos usados pelo ministro, como prova, foram citados. Entre eles
lembro-me de que estes me impressionaram muito fortemente: "A alma que
pecar, essa morrerá." Ezeq. 18:4. "Os vivos sabem que hão de morrer,
mas os mortos não sabem coisa nenhuma." Ecl. 9:5. "A qual a seu tempo
mostrará o bem-aventurado, e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos
senhores; Aquele que tem, Ele só, a imortalidade." I Tim. 6:15 e 16.
"A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, e
honra, e incorrupção." Rom. 2:7.
"Por que",
disse minha mãe depois de citar as passagens antecedentes, "deveriam eles
procurar aquilo que já têm?"
Escutei estas novas
idéias com interesse intenso e solícito. Quando fiquei sozinha com minha mãe,
perguntei-lhe se realmente cria que a alma não era imortal. Sua resposta foi
que ela receava tivéssemos estado em erro no tocante àquele assunto, assim como
a alguns outros.
"Mas, mamãe",
disse eu, "a senhora acredita realmente que a alma dorme na sepultura até
à ressurreição? Acha que, ao morrer, o cristão não vai imediatamente ao Céu,
nem o pecador ao inferno?"
Ela respondeu: "A
Bíblia não nos dá prova de que haja um inferno a arder eternamente. Se houvesse
esse lugar, deveria ser mencionado no Volume Sagrado."
"Oh! mamãe",
exclamei eu com espanto, "esta é uma estranha maneira de a senhora falar!
Se a senhora crê nessa estranha teoria, que ninguém o saiba; pois receio que os
pecadores não se sintam em segurança com essa crença, e nunca desejem buscar ao
Senhor."
"Se esta é uma
sólida verdade bíblica", replicou ela, "em vez de impedir a salvação
dos pecadores, será o meio de os ganhar para Cristo. Se o amor de Deus não
induzir o rebelde a se entregar, os terrores de um inferno eterno não o levarão
ao arrependimento. Além disso, não parece ser uma maneira justa de ganhar almas
para Jesus, o apelo para um dos mais baixos atributos do espírito - o medo
abjeto. O amor de Jesus atrai; ele subjugará o mais duro coração."
Somente alguns meses
depois desta conversa é que ouvi algo mais acerca dessa doutrina; mas durante
esse tempo meditei muito sobre esse assunto. Quando ouvi uma pregação em que
era exposto, cri que era a verdade. Desde a ocasião em que aquela luz relativa
ao sono dos mortos raiou em meu espírito, dissipou-se para mim o mistério que
encobria a ressurreição, e este grande fato assumiu uma nova e sublime
importância. Meu espírito muitas vezes se conturbara nos esforços para
reconciliar a imediata recompensa ou castigo dos mortos com, o indubitável fato
de uma ressurreição e juízo futuros. Se por ocasião da morte a alma entrava na
felicidade ou desdita eternas, onde a necessidade de ressurreição para os
míseros corpos que se reduzem a pó?
No entanto essa nova e
bela fé ensinou-me a razão por que os escritores inspirados tanto se ocuparam
da ressurreição do corpo; era porque o ser todo estava a dormir no túmulo.
Agora podia ver claramente o engano de nossa opinião sobre esta questão.
A
Visita do Pastor
Nossa família toda
estava profundamente interessada na doutrina da próxima vinda do Senhor. Meu
pai fora uma das colunas da igreja metodista. Atuara como exortador e como
dirigente das reuniões nas casas situadas a certa distância da cidade. Contudo,
o ministro metodista fez-nos uma visita especial, e aproveitou a ocasião para
nos informar de que a nossa fé e o metodismo não poderiam andar de mãos dadas.
Ele não indagava as razões por que críamos, tal como fazíamos, nem recorria à
Bíblia a fim de nos convencer de erro; declarava, porém, que adotáramos uma nova
e estranha crença que a igreja metodista não poderia aprovar.
Meu pai retorquiu que
ele deveria estar enganado ao chamar nova e estranha aquela doutrina; que o
próprio Cristo, em Seus ensinos aos discípulos, pregara Seu segundo advento.
Dissera Ele: "Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu
vo-lo teria dito: vou preparar-vos lugar. E, se Eu for, e vos preparar lugar,
virei outra vez, e vos levarei para Mim mesmo para que onde Eu estiver estejais
vós também." João 14:2 e 3. "E estando com os olhos fitos no céu,
enquanto Ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de
branco, os quais lhe disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o
céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no Céu, há de vir assim como
para o Céu O vistes ir." Atos 1:10 e 11.
"E", disse
meu pai, entusiasmando-se com o assunto, "o inspirado Paulo escreveu uma
carta para animar os crentes de Tessalônica, dizendo-lhes: 'A vós, que sois
atribulados, descanso conosco, quando Se manifestar o Senhor Jesus desde o céu,
com os anjos do Seu poder; como labareda de fogo, tomando vingança dos que não
conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus
Cristo; os quais por castigo padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e
a glória do Seu poder, quando vier para ser glorificado nos Seus santos, e para
Se fazer admirável naquele dia. ...' II Tess. 1:7-10. 'Porque o mesmo Senhor
descerá do Céu com alarido e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os
que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos
vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor
nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos
outros com estas palavras.' I Tess. 4:16-18.
"Esta é uma grande
autoridade para nossa fé. Jesus e Seus apóstolos tratam demoradamente do
acontecimento da segunda vinda, com alegria e triunfo; e os santos anjos
proclamam que o Cristo, que ascendeu ao Céu, virá outra vez. Esta é a falta que
cometemos - crer na palavra de Jesus e de Seus discípulos. Esta é uma doutrina
muito antiga, e não tem vestígio de heresia."
O ministro não tentou
citar um único texto que provasse estarmos em erro, desculpando-se, porém, com
a alegação de falta de tempo. Aconselhou-nos a que silenciosamente nos
retirássemos da igreja, e evitássemos a publicidade de um processo regular de
exclusão. Nós sabíamos que outros de nossos irmãos estavam recebendo idêntico
tratamento por causa semelhante, e não quisemos dar motivo para que entendessem
que nos envergonhávamos de reconhecer a nossa fé ou éramos incapazes de
baseá-la nas Escrituras; nestas condições, meus pais insistiram para que fossem
cientificados das razões deste pedido.
A única resposta a isso
foi a declaração evasiva de que andáramos contrariamente às normas da igreja, e
o plano mais acertado seria retirar-nos voluntariamente dela para evitar um
processo. [1] Replicamos que preferíamos um processo regular,
e pedimos que nos informassem de que pecado éramos acusados, visto estarmos
conscientes de não ter cometido falta alguma por aguardar e desejar o
aparecimento do Salvador.
Obs:
1
Assim por nenhum outro motivo que não
seu firme testemunho em relação à sua crença na volta de Cristo, a família
Harmon foi separada da igreja metodista.
Fonte:
Ellen G. White. Vida e Ensinos. Capítulo:
“A Fé Adventista”. p. 35-44.
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